Finalmente, e diante de uma promoção em livraria virtual – que ainda está no ar, mas não deve durar muito tempo – consegui ler “Sgt Rock versus o Exército dos Mortos”, publicação da Panini que mistura histórias de guerra e o sobrenatural.
Esclareço que meu interesse é muito mais por se tratar de um quadrinho de zumbi, pois pouco ou quase nada, conheço ou gosto do personagem em foco, assim como em qualquer rápida pesquisa na internet, você poderá perceber sua baixa popularidade entre a maioria do público de HQs do Brasil.
Hitler zumbi: Sgt Rock enfrenta o diabo transformado em um diabo pior. Imagem: Arquivo pessoal
Insisto. Sargento Rock é um daqueles personagens dos quadrinhos tão desconhecidos, dignos do “conheço, mas só ouvi falar”, um tanto distante dos holofotes, até mesmo entre quem gosta da nona arte.
Mas meu interesse se deu por duas razões: o envolvimento do ator e produtor Bruce Campbell (Evil Dead) na concepção da história e a exploração da sempre assombrosa ligação entre ocultismo e o nazismo, tema que também pesquiso. (Inclusive você pode explorar o mesmo tema na ficção em filmes como “Zumbi na Neve/2009” e “Operação Overlord/2018”).
Segunda Guerra e zumbis: Perigo, tensão e terror na tela. Aliados enfrentam zumbis. Imagem: Divulgação
Desde algum tempo, o tema envolvendo os redivivos se tornou assunto examinado na cultura pop. Depois de um acanhado ciclo nos EUA dos anos 1980 – refilmagens de clássicos, a produção de sequências – e um batalhão de imitações cinematográficas vindas da Itália, os medos e paranoias dos novos tempos deram destaque para os mortos-vivos..
O zumbi se transformou na criatura que mais rendeu filmes, séries e quadrinhos dos últimos tempos. O clique da oportunidade (e o estalo do espírito do tempo) os tornaram uma entidade interessante para metáforas e alegorias do mundo real. Valeu, Romerito! (Me refiro ao criador moderno da criatura, George Romero)
Lucio Fulci: Itália produziu filmes com zumbis pra dar (e devorar) na canela. Cartaz: Divulgação
Sobre o personagem Sgt Rock, ainda que sempre tenha me faltado interesse em acompanhar as aventuras do militar e sua “Companhia Moleza” (Easy Company), elementos como o traço artístico da fase Joe Kubert – desenhista e roteirista – e seus toques de misticismo em suas histórias, revelam um personagem que merece, pelo menos, um menor esforço para conhecer algum dos seus títulos. Escolhi esse.
Berlim, 1944, a derrota dos nazistas se encaminha, e na ofensiva dos aliados, Hitler e sua equipe de cientistas planejam um último esforço de guerra, tentando ressuscitar seus mortos para lutar sua guerra inglória.
Literatura: Estudos apontam o envolvimento dos nazistas com ocultismo. Imagem: Estante Virtual
A missão do Sgt. Rock e sua Companhia Moleza é enfrentar esses seres redivivos. Ação contínua, traço dinâmico de Eduardo Risso (100 Balas, Parque Chas) e velocidade quase cinematográfica compõem essa surpreendente obra. Divertida.
A cultura pop sempre soube explorar aspectos estranhos da natureza macabra dos seres humanos, mesmo que eles estejam na última escala da nossa evolução.
Canção de ninar nazista: “Chega. Cansei de você”. Imagem: Arquivo pessoal
Que os nazistas permaneçam sendo só essas criaturas rastejantes. “Atirem na cabeça” e boa leitura. (HD)
Editora: Panini; 1ª edição
Idioma: Português
Capa dura: 160 páginas
Preço promocional: R$ 48,69