fonte: da redação
O sertão nordestino é caracterizado por inúmeros desafios para a população que vive no campo. Isso tem sido um grande desafio para o Brasil. Mas um projeto desenvolvido pelo Governo do Piauí, após quase 10 anos de ações em diferentes municípios, mostrou que é possível mudar a realidade de agricultores familiares sem tirá-los do campo.
Esforço do Governo do Piauí em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem como missão permitir que populações rurais em países em desenvolvimento superem a pobreza, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido – Viva o Semiárido (PVSA) alterou, de forma significativa e positiva, os indicadores de 36.111 famílias de 89 municípios do sertão do Piauí.
Os agricultores aumentaram a produção, passando a comercializar os bens primários para além de sua subsistência. Com isso aumentaram a renda e passaram a adquirir mais itens domésticos.
Segundo o relatório do PSVA, a produção agropecuária das famílias envolvidas com o projeto cresceu 89%. Além disso, houve tanto uma queda de 50% na quantidade de domicílios mais pobres (renda inferior a 1/8 salários mínimos), quanto um aumento de 54% na quantidade de menos pobres (renda acima de 1 salário mínimo).
Essa melhoria se deu após o Governo do Estado injetar recursos nas atividades produtivas predominantes, qualificando os agricultores e fortalecendo a criação de cooperativas. Com isso, áreas de ovinocaprinocultura, apicultura, avicultura, piscicultura, mandiocultura, cajucultura e suinocultura passaram a ser potencialmente exploradas pelas famílias.
Os investimentos nessas culturas incluíram a aquisição de matrizes e reprodutores de ovinos/caprinos, melhoramento genético e qualidade dos rebanhos; construção de centros de manejo; aquisição de equipamentos, entre outras ações.
Revolução em comunidade de Paulistana
Um dos exemplos de sucesso do programa é a agricultora familiar Milena Martins, da Comunidade Quilombola São Martins, em Paulistana. Ela destaca que o Programa Viva o Semiárido “fez uma revolução” na comunidade em que vive. “Houve melhorias na nossa vida e estamos vendendo a produção para o Programa de Alimentação Sustentável (PAS)”, contou a agricultora, durante evento para encerramento do programa, realizado em Teresina, em setembro de 2022.
Por meio do PVSA, Milena e outros agricultores tiveram acesso à tecnologia inovadora do “Sisteminha Embrapa”, que ajudou na produção do quintal produtivo, que já era uma tradição na comunidade, aliado ao investimento em criação de aves de postura. Hoje toda a comunidade é beneficiada. A produção de ovos melhorou e aumentou de forma escalonada, ajudando na renda e no aumento de proteína nas mesas das famílias.
De todas as culturas, a que teve melhor desempenho foi a apicultura. Graças ao projeto, o Piauí disparou na produção de mel, tornando-se o maior exportador no Brasil. Em 2022, por exemplo, produziu mais de 8 mil toneladas do produto, gerando R$ 121 milhões.
Francisco das Chagas Ribeiro Filho, o Chicão, diretor de Projetos para os Territórios do Semiárido da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), explica que existem hoje mais de 10 mil trabalhadores rurais do Piauí que são apicultores. “Boa parte tem renda que varia entre 1,5 e 2 salários mínimos, bem maior do que antes do PVSA. Alguns que mais se destacaram compraram motos e carro, devido à melhoria da renda”, afirma Chagas.
Investimento de mais de R$ 100 milhões nos municípios mais pobres do sertão
A melhoria de renda é mais significativa ainda porque atingiu principalmente o sertão, onde há um maior grau da pobreza. Com a produção do mel em alta, a vida das famílias é impacta. Dentre os 10 municípios maiores produtores de mel do Piauí, a maioria está na região de clima semiárido, como Picos, São Raimundo Nonato e Itainópolis.
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido – Viva o Semiárido (PVSA) atou em 89 municípios de cinco territórios de desenvolvimento do Piauí: Vale do Sambito (15 municípios), Vale do Rio Guaribas (39), Vale do Rio Canindé (17), Serra da Capivara (18) e Chapada Vale do Rio Itaim (16).
Além da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), também participaram do projeto a Secretaria da Educação (Seduc), Secretaria da Assistência Social (Sasc), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (Emater), Secretaria do Planejamento (Seplan) e Secretaria da Fazenda (Sefaz)
O prazo de duração da execução do projeto era de sete anos: de 2013 a 2020, mas foi estendido até 2022 devido à pandemia da Covid-19.
O investimento total no projeto foi de R$ 106 milhões, sendo R$ 53 milhões investidos pelo Fida e contrapartida do Estado de outros R$ 53 milhões para o financiamento de planos de negócios nas atividades econômicas predominantes na área do projeto.