O professor e pesquisador Vinicius Ponte Machado, coordenador da Plataforma Multidisciplinar em Informática e Inteligência Artificial (IIA), do Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN), teve o projeto aprovado na Chamada Nº 16/2023 – Saúde de Precisão, lançada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Ministério da Saúde, com o objetivo de apoiar projetos de pesquisa que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do País, na área de Saúde de Precisão.
Segundo o professor, o projeto elaborado visa a criação de um modelo preditivo baseado para inferir dados clínicos ausentes, além de estimar prognósticos do avanço das intervenções em pacientes com calazar. “A literatura tem evidenciado que pessoas com calazar apresentam desnutrição proteico-calórica e deficiência de micronutrientes, mas não está esclarecido se a desnutrição seria um fator de risco para a aquisição da infecção, se seria consequência do processo consumptivo prolongado e se estaria associada ao prognóstico. No entanto, a ausência de dados clínicos devido a deficiência de exames mais precisos e específicos, pode prejudicar o diagnóstico. Para superar essa dificuldade, recorremos à inteligência artificial, mais precisamente à área de aprendizagem de máquina, e elaboramos este projeto”, explica.
O calazar (leishmaniose visceral) nas Américas é causado pelo protozoário Leishmaniainfantum transmitido pela picada de flebotomíneos fêmeas infectadas do gênero Lutzomyia (conhecidos como ‘mosquito-palha’, ‘tatuquira’, ‘cangalhinha’ e birigui). O software Kala-Cal®️ foi desenvolvido para estimar a probabilidade de morte de pacientes com calazar, de acordo com as pontuações clínicas no presente estudo e sob a sua plataforma de dados será construído um modelo preditivo para suprir a ausência de dados.
“Com muita satisfação tivemos nossa proposta aprovada neste edital. O aporte financeiro vai nos permitir adquirir equipamentos e fomentar auxílio a pesquisadores, por meio de bolsas, para o desenvolvimento do modelo proposto. Para qualquer pesquisador, isso representa um reconhecimento de seus pares perante a relevância que este projeto pode ter. Significa, portanto, que a comunidade científica reconhece no projeto um valor, uma capacidade criativa e de execução, o que nos deixa bastante confiantes de que estamos fazendo um bom trabalho”, conclui.