Em um cenário de desafios sociais e econômicos, o Programa Mulheres Mil, executado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), revela um farol de esperança para muitas mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Recentemente a Seduc convocou 72 novos professores bolsistas para dar aulas no programa que atende atualmente 691 mulheres de terreiro, mães de adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas, mulheres trans, catadoras de material reciclável, artesãs, quebradeiras de coco, comunidade de surdas, mulheres indígenas e mulheres quilombolas em 14 municípios.
A proposta do Mulheres Mil vai além da formação acadêmica. Com foco em cursos práticos como agente de desenvolvimento cooperativista, salgadeira, horticultor orgânico e maquiadora.
O impacto do Mulheres Mil nas vidas dessas mulheres tem sido significativo. Ana Maria, de 51 anos, uma das alunas do curso de agente de desenvolvimento cooperativista no Quilombo Olho d’água dos Negros, município de Esperantina, afirma que o programa revolucionou a sua vida. Agora ela diz que é uma mulher empoderada e que acredita no seu potencial.
“Estou fazendo o curso de cooperativismo que aumentou muitos meus conhecimentos. Somos 30 mulheres na turma e agora nós podemos nos reunir, construir uma cooperativa e trabalharmos juntas para termos uma renda melhor, e ajudar nossa comunidade quilombola”.
ancisca Isabel faz parte do grupo de alunas do curso de artesanato formado por quebradeiras de coco na comunidade Tinguis, no município de Castelo do Piauí. Ela revela que seu maior sonho é fundar, junto com outras moradoras da comunidade, uma cooperativa.
“Aqui na comunidade, sou conhecida carinhosamente como Branca. Trabalhamos com artesanato na palha da carnaúba e fibra do tucum e o meu maior sonho e das demais mulheres é abrir uma cooperativa e agora estamos tendo o privilégio de receber o curso Mulheres Mil, que vai nos preparar para abrir a nossa cooperativa muito em breve, com fé em Deus”, disse.
Para o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, o investimento em educação é um passo essencial para quebrar o ciclo da pobreza.
“As histórias de Ana Maria e Branca são apenas alguns exemplos de como a formação profissional e a troca de experiências estão contribuindo para a autonomia feminina. As alunas não apenas adquirem conhecimentos técnicos, mas também se conectam a uma rede de apoio que as incentiva a se tornar agentes de transformação em suas comunidades. Só por meio da educação faremos a verdadeira transformação social que proporciona mais e melhores oportunidades, empoderamento e novos horizontes para aquelas que têm habilidades e sonhos a serem realizados”, afirma.
Além de proporcionar uma nova perspectiva de vida, o programa oferece uma bolsa no valor de R$ 480, dividida em duas parcelas: uma no início do curso e a segunda ao final, após a conclusão da carga horária de 160 horas, cerca de dois meses.
“O auxílio financeiro é importante para aliviar a pressão econômica sobre as participantes, permitindo que se concentrem em sua educação e no desenvolvimento de novas habilidades”, explica o Secretário.
As inscrições para o Programa ocorrem nas próprias comunidades em que as mulheres estão inseridas. Equipes da Seduc realizam uma busca ativa junto às lideranças comunitárias, apresentam o projeto e fazem o chamamento para que estas mulheres participem. Só em 2024 o programa já beneficiou 1.166 mulheres piauienses. Para 2025, o MEC adicionou mais 451 vagas para o Piauí.