Da Redação, com informações da CCOM
O Piauí deve manter, pelo quarto ano consecutivo, a liderança nas exportações de mel entre os estados brasileiros. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, de janeiro e julho deste ano o Estado já exportou US$ 29,3 milhões em mel orgânico, principalmente para os Estados Unidos e a Europa. Este ano, o Piauí é seguido pelo Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo no número de vendas internacionais do alimento.
O Piauí sempre se destacou nas exportações desse produto, mas desde 2019 assumiu a dianteira dos estados que mais vendem mel para o exterior. Segundo o superintendente da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Tiago Ribeiro Patrício, o Piauí sempre foi um grande produtor de mel, mas as exportações do produto eram feitas por outros estados, como São Paulo e Pernambuco. “Mas agora, devido aos esforços de um empreendedor piauiense, da cidade de Oeiras, as vendas internacionais são feitas pelo próprio Estado. Dois terços do mel exportado é feito por este grupo empresarial”, comenta.
Em relação ao próprio estado, o mel, há oito anos, estava entre os cinco produtos mais exportados. Hoje só perde para a soja, que é o principal produto das vendas internacionais do Piauí. Para se ter uma ideia, de janeiro a julho deste ano já foram exportados US$ 761 milhões do grão. Esse produto e seus derivados correspondem a 95% da pauta de exportações do Estado.
A apicultura é uma das atividades que recebem incentivo do Governo do Estado, seja para a ampliação da produção, seja no estímulo à comercialização do produto. Segundo Francisco das Chagas Ribeiro, superintendente do Desenvolvimento Rural da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), o mel do Piauí se destaca nas exportações por ser diferenciado em relação ao produzido em outras partes do mudo. De acordo com ele, o mel piauiense é polifloral, resultante da mistura de várias plantas silvestres.
“Enquanto o mundo inteiro está caminhando para produção de mel de uma única florada, inclusive com plantas cultivadas, as abelhas encontram aqui uma florada diversificada das matas do semiárido piauiense. Com isso, algumas plantas predominam e dão característica a esse mel, como angico, marmeleiro, a canelinha, além de um conjunto de outras espécies”, acrescenta o gestor. Ele ainda explica que essa diversidade garante um aroma, sabor e cor diferenciados ao mel piauiense e que o torna muito bem aceito no mercado internacional.
O Piauí todo produz mel, mas a grande concentração dessa produção extraída de colmeia, chamado de mel de criação racional de abelhas, está concentrada, segundo Francisco das Chagas, principalmente na região semiárida, com destaque para os municípios de Simplício Mendes, São Raimundo Nonato, Picos e agora Paulistana, que são os grandes produtores. Ele cita que na região Norte, em Cocal, Piracuruca, Campo Maior, Esperantina, Batalha e Joaquim Pires cresce também a produção de mel.
Quanto ao consumo interno do produto, Francisco das Chagas lamenta que esse ainda é muito baixo e não chega a 200 gramas por ano, por pessoa. “Isso se deve ao fato do mel não ser considerado um alimento pelos brasileiros. Ele é consumido como remédio. Herdamos essa tradição cultural, por isso o baixo consumo. O mel está entre os cinco alimentos mais completos, ele deve ser incentivado para fazer parte da alimentação escolar, como ocorre na Holanda, por exemplo”, chama atenção o superintendente.
Incentivos
O Governo do Estado, por meio do Programa Viva o Semiárido (PVSA), investiu recursos que permitiram a produtores do Piauí adquirirem um total de 27 mil colmeias, além da construção de 59 centros de processamento de mel, as chamadas Casas de Mel. Os investimentos contemplam ainda a automação de processos manuais e aquisição de equipamentos e veículos que contribuíram para a ampliação da produção e a melhoria da agroindustrialização dessa atividade.