
Estreia: O paraíso é o fim do mundo. Cartaz: Divulgação
Nunca diga nunca, mas arrisco quando o advérbio se põe em lados e significados opostos.
Assim como nunca vi a afamada série “This Is Us” – nem quero -, também nunca deixaria de assistir a excitante nova série recém-estreada do mesmo criador: “Paradise” (em cartaz no Disney+).
Excelente. Um amontoado de clichê bem colocados e de alta potência magnética. Enfim, vibrante.
Poder e conspiração: No paraíso ninguém é o que parece. Imagem: Divulgação
Criada por Dan Fogelman, a trama se desenvolve em uma comunidade exclusivíssima habitada por indivíduos “selecionados” por lideranças políticas e milionários, uma espécie de “spa do fim do mundo” ou um “condomínio fechado depois do cataclismo” – que até os primeiros episódios não se sabe os motivos – para cerca de 25 mil pessoas. O paraíso do título.
A tranquilidade apocalíptica (acredite, eles vivem bem) é abalada pelo assassinato de Cal Bradford (James Marsden) uma proeminente figura política (Presidente dos EUA).
Mistério no paraíso: Quem matou o presidente? Imagem: Paradise (Disney+)
O protagonista, Xavier Collins (Sterling K. Brown), chefe de segurança do presidente assassinado, torna-se o principal suspeito e, ao tentar provar sua inocência, segue descobrindo uma intensa conspiração. O espectador ganha uma boneca russa de surpresas.
A narrativa alterna entre passado e presente (clichê 01), mantendo o espectador constantemente intrigado com reviravoltas surpreendentes (já é o clichê preferido de todos!), investindo naquilo que no cinema chamam de whodunnit (expressão que significa “quem fez isso?” – e clichê 03. Mesmo assim, obrigado, Sra. Agatha Christie!)
Digamos que em Paradise tudo isso funciona bem e em nome do entretenimento puro (e fácil).
Crime e mistério: Onde os clichês mais se acomodam. Arte: International Network
Cumpadi, as performances de Sterling K. Brown e James Marsden são eficazes, complementares e envolventes, fornecendo o bom ritmo dos episódios. Outra daquelas séries que te prende na frente da tela.
Vamos ver o que acontece no desfecho da série, mas até aqui, os clichês funcionam a favor da história – principalmente os referentes ao thriller político e de conspiração – combinando suspense, drama e elementos de ficção científica. (A comunidade vive numa espécie de domo misterioso)
O conceito de sociedade fechada dentro de uma estrutura isolada já foi explorado em diversas produções, como no razoável Under the Dome, nos celebrados The Truman Show e Westworld e na perfeição de Lost.
Novo documentário (2024) reúne equipe da série “Lost” e demonstra sua importância. Cartaz: Divulgação
Ao adicionar a camada sci-fi representada pelo domo, posso supor que isso retire o impacto mais realista da história, mas a série consegue manobrar o interesse do espectador e direcionar seus sentidos para o suspense dramático e a suspenção da descrença age bem lidando bem com esse tipo de situação mirabolante.
Contudo, Paradise não é uma inovação, mas surpreende bastante e garanto que possui ótimas qualidades narrativas.
Como disse, sua interessante combinação de clichês equilibra suas características mais elementares sem escorregar em obviedades para desenvolver personagens e tramas.
Sterling K. Brown entrega uma ótima performance e encara uma aventura misteriosa. Poster: Divulgação
(Como muitas ressalvas, compartilha a mesma escola dramática de escritores como Sidney Sheldon, Harlan Corben, Dan Brown e Raphael Montes quando se mistura com Ilana Casoy, mesmo contendo no currículo a capenga série “Bom dia, Verônica”)
Bem, já vimos tudo isso antes e o show deve continuar.
E para esse “Paraíso” vale o ingresso. (HD)