
Disputa pelo Oscar 2025: Quem tem medo do cinema argentino? Imagem: Arquivo Pessoal
Poderia começar de duas formas para expressar o julgamento que aqui defendo:
#1. A possibilidade de vitória no Oscar 2025 nas respectivas categorias em que concorre o filme “Ainda Estou Aqui”…
Ou
#2. Há possibilidade de vitória no Oscar 2025 nas respectivas categorias em que concorre o filme “Ainda Estou Aqui”…
Artigo ou verbo, de uma forma ou outra, o ponto onde quero chegar aponta que por esse motivo o Brasil está sendo palco de acaloradas e nada ensolaradas discussões.
Entre a aclamação mundial e boicotes de fanáticos, a arena vibra. Imagem: Divulgação
O quadro geral é mais ou menos assim:
– Quem conhece cinema de forma mais abrangente e possui uma história na crítica especializada apresenta análises ponderadas (e otimistas) apresentado fatos, números e comparações;
– Outros que são influenciadores (não) especializados em falar de tudo, utilizam o bom humor pra surfar a onda, muitos torcendo por uma vitória;
– Os que não entendem nada de cinema e só odeiam a arte mesmo, mas querem falar mesmo assim;
– E por fim, os aloprados que se autodeterminam “críticos” – mas que se você perguntar quem foi Oscarito, o nome do túnel no RJ que Roberto Carlos atravessou de helicóptero na sua aventura cinematográfica, que figura foi “Lúcio Flávio”, quem é ele, o “Boto”? ou quais as criaturas preferidas do Rodrigo Aragão, não irão ter a mínima ideia – e falam uma bagagem de asneiras pior que outra. (E com excesso de peso!)
Uma lista tríplice dos piores desse quadro foi formada pelo príncipe monárquico (???) Luiz Philippe Orleans e Bragança, autor de um livro que pergunta “por que o Brasil é um país atrasado?” e ele mesmo sendo a própria figura máxima da elite rastaquera atrasada, o youtuber chamado Filipe Trielli, um senhor que trata de cinema com uma senilidade que aponta para a ignorância servil e um frustrado ex-bbb (só isso já bastaria né?) conhecido como Didi Redpill que não consegue identificar uma deep fake e compartilha mentiras como verdade absoluta. Fanáticos.
Todos eles, fortes representantes da proposição “não assisti, não irei, mas não gosto”.
Difícil apontar quem é o pior, mas o melhor do pior é fácil:o tiozão Filipe Trielli . Imagem: Youtube
Bem.
“Ainda Estou Aqui” é um grande filme e poderia gastar linhas demonstrando suas qualidades, mas basta indicar a cena da sorveteria, uma composição perfeita.
Sobre suas possibilidades:
Melhor filme seria uma zebra (sem falso otimismo!), pois está ao lado de filmes como o caótico e expressivo “Anora”, o monumental “O Brutalista” e o extravagante “A Substância”. Difícil.
A disputa de Fernanda Torres com Demi Moore e Mikey Madison na categoria de melhor atriz eleva o desafio a níveis imponderáveis. A vitória da brasileira pode vir, e nesse caso, não seria uma “zebra”.
Aposto timidamente na brasileira, – mesmo com a análise do New York Times apontando Torres como vencedora – com a certeza que ela mereceria a vitória.
Walter e Fernanda em uma cena de escândalo silencioso. Imagem: Divulgação
Pra terminar, um exame de memória sobre o prêmio que imagino ser o mais palpável: Filme Internacional.
Observem.
Nossos hermanos argentinos estavam super cotados em 2023 para vencer na mesma categoria com “Argentina, 1985” – por coincidência, também um filme sobre ditadura militar e violação dos direitos humanos – e foram vencidos por “Nada De Novo No Front”.
Porém, a Argentina venceu um Oscar nessa categoria – em 1985 – por um filme de temática semelhante (a violência de um governo) e também baseados em fatos reais: “A História Oficial”.
“A História Oficial”(1985): Oscar para Argentina. Adoção ilegal e desaparecimento forçado. Cartaz: Divulgação
Em comum, os três filmes (o brasileiro e dois portenhos) tratam de histórias reais sob o comando de governos militaristas e repressores, e todos produzidos em tempos de democracia recuperada.
Ainda que “A Garota da Agulha” e “A Semente do Fruto Sagrado” sejam, nesse sentido, ameaçadores, aposto na vitória de Filme Internacional sem medo de errar (e na de atriz com algum temor).
E se perdermos essa, não avisem aos argentinos que eles estão vencendo. (HD)
Palavras afiadas (cortantes certeiramente como uma antiga Gillette) e afinadas com a grandeza de uma arte que, espero, nunca morra.
Antes que nós, meros torceTorres, imaginássemos a impensada vitória de Mickey Madison, o autor já a alçava ao posto de potencial vitoriosa.
Escrita Brutalista, com um quê, uma Substância quase tão saborosa quanto uma Anora, digo amora, para lembrar àqueles que ainda estão aqui lendo, o quanto chegamos longe mundo afora. Mesmo que a malvada (Wicked), sim, famigerada academia tenha repetido um deslize que presenciamos, nos com mais de 45, com outra Fernanda brasileira.
Gostei!
Não só pq concorda, mas que delícia de comentário. Merece Oscar honorário de sutileza, inteligência e bom gosto!