Acho válido iniciar explicando sobre o que é um “AMBER Alert”: um sistema de segurança (alerta) para denunciar casos de abdução de crianças através de um intenso compartilhamento de mensagens, criado a partir de 1996, logo após o sequestro e assassinato de uma garota de 9 anos chamada Amber Hagerman que aconteceu na cidade de Arlington no Texas (EUA).
E o nome desse sistema de segurança dá título ao filme que estreou no último dia 27 de setembro nos cinemas: “Amber Alert” (2024).
Documentário do canal Peacock conta história real do desaparecimento de Amber. Cartaz: Divulgação
O filme conta a história de Jaq (Hayden Panettiere) e Shane (Tyler James Williams) logo após um encontro acidental que resulta numa carona, e durante o trajeto, recebem um alerta de sequestro de criança em seus telefones, o “Amber Alert“.
Daí então, percebem que estão exatamente atrás de um carro que corresponde à descrição do sequestrador e se arriscam para tentar salvar a criança.
O que mais me causou interesse foi ter lembrado que em 2012 assisti um filme com uma história bem parecida. Aí, BINGO… Descobri que era uma refilmagem.
E o que reforçou ainda mais meu interesse, foi o fato do filme de 2012 ser um exemplar do subgênero Found Footage.
Found Footage: Cartaz original do filme de 2012. Realidade aumentada. Imagem: Divulgação
Tenho que explicar o que é Found Footage, né? Bem… Melhor que explicar é cravar que o melhor exemplar (recente) do estilo é o filme A Bruxa de Blair.
Sim, são aqueles filmes que parecem um documentário, com filmagens “bagunçadas”, níveis de medo e adrenalina superlativos e que não obedecem à estética dos filmes tradicionais, e em quase sua totalidade tratam de eventos sobrenaturais. (E os que não tratam são puro suspense!)
Importante ressaltar – pra minha tristeza – que a escolha narrativa do filme de 2024 foi filmar de forma tradicional e isso faz muita diferença.
De qualquer forma, a nova experiência, apesar de falhas de lógica e de roteiro que buscam aumentar o nível de tensão nessa versão, não se apresenta como um filme ruim, mas é bem mediano. (Com um grande risco de ser divisível e alguns acharem ruim)
E a presença de protagonistas conhecidos no Brasil também não alivia o gosto insosso das emoções distribuídas em boa parte da história: Panettiere fez a série Heroes e Williams é o nosso famoso “Chris” que o Brasil não odeia.
Porém, são eles que fazem o filme não patinar e tombar.
Casal de protagonistas (Panettiere e Williams) melhora a qualidade do filme. Imagem: Divulgação
Por fim, meu palpite é que o filme de 2012 é infinitamente melhor – ainda que aparente ser tecnicamente inferior – exatamente pela escolha criativa de se enquadrar no estilo Found Footage.
Você pode se perguntar “como um filme tecnicamente inferior pode ser melhor?”.
O filme de 2012 captura a tensão de forma mais dinâmica (e real) e a linguagem narrativa do Found Footage nos impõe uma imersão radical (e vívida) de suspense e agonia, convidando a plateia ir além do testemunho ocular (espectador) sobre o que se passa na tela, nos transformando em outro tipo de agente indireto da ação (personagem), pois como numa manobra de “empuxo” – somos inseridos dentro do filme e deslocados pra dentro da história –, mas também sem influir no resultado do evento.
Original: Imersão radical aumenta a tensão e faz toda diferença para o espectador. Imagem: Amber Alert (2012)
A emoção primordial do gênero Found Footage – o medo – fez da refilmagem um filme covarde. (HD)
As análises de Henrique sobre cinema são excelentes. Sigo sempre suas dicas e fico atento às críticas a filmes em cartaz.
Obg pela leitura e por estar conosco aqui!