O novo Boletim do InfoGripe , divulgado nesta quinta-feira (4/4), indica sinal de queda de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo o País. O atual cenário é reflexo da diminuição dos casos de SRAG no Centro-Sul e da interrupção ou queda do crescimento em diversos estados do Norte e Nordeste. A incidência de SRAG por Covid-19 mantém maior impacto nas crianças até dois anos de idade e na população a partir de 65 anos. A mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19.
O estudo chama atenção ainda para a manutenção do aumento de casos de vírus sincicial respiratório (VSR) e de influenza em diversas regiões. Com base nos dados inseridos no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 1 de março, a análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 13, de 24 a 30 de março.
O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência de SRAG nas crianças pequenas, superando aquela associada à Covid-19 nessa faixa etária. O pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do Boletim InfoGripe, Marcelo Gomes, ressalta a importância da recente aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da vacina da Pfizer em gestantes para proteger os bebês contra o VSR. Segundo Gomes, o novo imunizante será fundamental para diminuir às internações, que têm um impacto importante em crianças até dois anos.
”A gente espera que no futuro a nova vacina possa ser uma ferramenta do nosso cotidiano de enfrentamento a esse vírus. Vemos hoje esse impacto do VSR nos casos de SRAG, nas internações. E se olharmos para o nosso passado, vamos observar nas internações que o VSR sempre foi um vírus de extrema relevância, com impacto muito grande justamente nesse público dos nossos bebês, das nossas crianças, especialmente até dois anos de idade”, afirma Gomes. “No outro extremo, na população mais idosa, também observamos aumento do volume de internações por VSR, algumas com mortes. Então, a gente celebra e espera que vacina contra o VSR possa ser incorporada e mudar significativamente o cenário do VSR no país, como aconteceu com a própria Covid-19 e como já temos para o vírus influenza”.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 12,4% são influenza A; 0,3% são influenza B; 21,2% são VSR; e 53,1% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 17,8% para influenza A; 0,4% para influenza B; 38,3%para VSR; e 31,1% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 17,8% para influenza A; 0% para influenza B; 7,4% para VSR; e 71,8% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Situação nacional
O quadro nacional apresenta sinal de queda nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Tal cenário é reflexo da manutenção de queda dos casos de SRAG no Centro-Sul, e interrupção ou desaceleração no crescimento em diversos estados do Norte e Nordeste. Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 25.747 casos de SRAG, sendo 11.065 (43,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 10.223 (39,7%) negativos, e ao menos 2.880 (11,2%) aguardando resultado laboratorial.
A atualização sinaliza que 13 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina. Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, mantém-se o sinal de queda nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Para os demais vírus, há manutenção de aumento nas SRAG por influenza A (gripe) e VSR em alguns estados do Nordeste, Sudeste e Sul, e início de queda nos positivos para rinovírus na maioria dos estados do país.
Entre as capitais, 16 têm indícios de crescimento nos casos de SRAG: plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio Branco (AC), Salvador (BA) e Vitória (ES).
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)