Da Redação
O Memorial da Resistência e da Democracia no Piauí teve a pedra fundamental lançada nesta sexta-feira (31) pelo governador em exercício, Themístocles Filho, em solenidade realizada na Central de Artesanato Mestre Dezinho. O espaço é uma iniciativa de resgate histórico da memória de brasileiros e piauienses que resistiram aos arbítrios praticados pelo Ditadura Militar no período de 1964 a 1985.
O memorial será instalado no antigo Quartel Geral da Polícia Militar, local de encarceramento de presos políticos, onde será construída a escultura de uma figura humana de 1,70m, simbolizando de o rito do “Pau de arara”, o mais cruel instrumento de tortura utilizado nos porões da Ditadura Militar. A inauguração está prevista para o dia 28 de agosto, aniversário da Lei de Anistia.
Durante a solenidade, o governador recordou que os presos políticos cumpriam pena no antigo Quartel da Polícia Militar. E disse torcer para que jamais o Brasil e o Piauí voltem ao que aconteceu no passado. “O melhor regime de governo é o que o povo escolhe, pode ter divergências, mas a maioria é que vence”, declarou. Sampaio lembrou também da cassação do mandato de deputado estadual do seu pai, Themístocles Sampaio, pelo regime.
Núbia Lopes, secretária de Estado das Relações Sociais, ressaltou que o Governo do Estado recebeu uma demanda dos movimentos sociais por esse memorial, por meio do Comitê Memória, Verdade e Justiça, que se organizou e faz um trabalho permanente de conscientização, formação e de atos públicos, para lembrar e reafirmar que a democracia é o melhor caminho. Ela destacou que “o memorial é para dizer que em nosso estado a democracia tem de prevalecer”.
A superintendente de Direitos Humanos da Secretaria Estadual da Assistência Social (SASC), Sônia Terra, disse que “é importante cada vez mais reforçarmos o quanto a democracia é necessária. Vivemos tempos em que ela esteve ameaçada. Hoje, a gente reforça que a democracia só se constrói a partir de toda uma sociedade que toma consciência do quanto ela é importante”.
Quem também se manifestou sobre a importância do Memorial foi o coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça, Pedro Laurentino. Ele falou sobre os eventos do dia 8 de janeiro, quando houve tentativa de novo golpe no Brasil, pela invasão de depredação das sedes dos três poderes da República. Laurentino ressaltou que enquanto no Chile os torturadores foram punidos, no Brasil eles foram exaltados.
Laurentino foi enfático ao relembrar que “aqui teve cassação de mandato, gente morta. O Antônio de Pádua, lá de Luís Correia, morreu na Guerrilha do Araguaia. Jesualdo Cavalcanti, que era vereador, foi preso nos três primeiros dias do regime, colocado no caminhão e arrastado para o Exército”. E lembrou que o Marechal Castelo Branco, autor do golpe, foi exaltado e é nome de avenida em Teresina. E finalizou dizendo que “temos que resgatar essa história para que ela não se repita”.