fonte: da redação
No Ceará, 66 educadores concluíram o curso Cuiambá Pedagogia Intercultural Indígena Magistério Tremembé, da Universidade Estadual Vale do Aracaú (UVA) oferecido pelo Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Os profissionais, graduados em novembro do ano passado, irão atuar em nove escolas nas aldeias Tremembé nos municípios de Itarema e Aracaú.
Cleidiane Santana, professora da Escola Indígena Tremembé Maria Venância há 12 anos, está entre os formados. Graduada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia e gestão e coordenação escolar, ela tinha formações em disciplinas convencionais, mas faltava a intercultural. Ter caciques e pajés como professores deu a Cleidiane ”mais segurança dentro da sala de aula e facilidade para passar o conteúdo”.
O grupo de professores do Parfor incluiu indígenas e mestres da cultura Tremembé. Francisco Elisnaldo de Sousa, da aldeia Varjota em Itarema, fez parte do corpo docente. Ele explicou que o conteúdo “ajudou os alunos a relacionarem a prática pedagógica com a história do nosso povo”. Para o professor, a conquista do espaço dentro da universidade foi relevante, tornando os educadores protagonistas no movimento de valorização da cultura Tremembé.
Ana Cristina Cabral, coordenadora pedagógica do curso e moradora da aldeia Varjota, ressaltou o fortalecimento de “assuntos como a luta pela demarcação de nossa terra e a possibilidade da educação diferenciada”. Para Adriana Campani, coordenadora do curso Cuiambá, a graduação traz benefícios como escolas mais fortes e com maior poder de negociação na implementação de critérios específicos.
Inédito na UVA, o curso Cuiambá nasceu nas aldeias indígenas Tremembé e teve como parceiros a própria universidade, que o acolheu, a CAPES e o Conselho Indígena Tremembé de Almofala. As secretarias de educação do Estado do Ceará, do município de Itarema e a Igreja Metodista do Brasil também fizeram parte. O nome do curso Pedagogia Cuiambá foi escolhido pelos professores e lideranças Tremembé. “Cuiambá” é o nome dado a um suporte, feito da cuia da cabaça, no qual os Tremembé consomem o mocororó, uma bebida ritual feita do caju. A formação de professores indígenas, habilitados como pedagogos interculturais, tem fortalecido saberes tradicionais e valorizado profissionais que estão em sala de aula.