A principal proposta do Brasil para a primeira rodada de negociação entre os países do Grupo dos 20 (G20) é estabelecer a criação de uma Aliança para a Produção Regional e Inovação. A agenda foi debatida ao longo desta semana nas reuniões do Grupo de Trabalho de Saúde do G20, realizadas em Brasília.
Com base na experiência da pandemia de Covid-19, o Ministério da Saúde brasileiro propôs a Aliança com a missão de fortalecer a produção de maneira descentralizada geograficamente em todo o mundo, para que nenhuma nação fique dependente de poucos atores.
“Mais de 50 organizações e países se manifestaram e indicaram um acolhimento à proposta brasileira. Será a primeira proposta de produção e inovação local coordenada por um país do sul global. É um passo decisivo para que a estratégia do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que coloca a saúde como desenvolvimento e vetor de renda, se aprimore. A produção e a inovação têm de ser para vida das pessoas e para a vida do planeta”, destacou Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
As reuniões plenárias da semana foram conduzidas pelo chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais (AISA) do Ministério da Saúde, embaixador Alexandre Ghisleni. “Foi uma reunião em que nos colocamos na mesa uma agenda muita intensa, com eventos paralelos, seminários e discussões sobre as propostas brasileiras. O que se verificou foi um grau de convergência importante entre os membros”, disse.
Entre os debates, houve convergência em relação à importância de desenvolver a saúde digital, especialmente a telessaúde, nos países e de utilizar isso como instrumento de política pública em saúde para garantir o acesso a população mais remotos, mesmo em países menores. Também foi levantada a discussão sobre a possiblidade de haver troca de dívida externa por investimento em saúde. Ações para produção local e força de trabalho também estiveram na pauta.
GT de Saúde
Esta foi a terceira reunião presencial do GT Saúde do G20. Em 23 de fevereiro aconteceu a primeira reunião, de forma virtual, e contou com participação significativa de cerca de 170 delegados, incluindo 21 países membros, 30 organizações internacionais, nove países observadores.
A segunda reunião aconteceu em 13 de março, também online, e reuniu de forma extraordinária os ministros da Saúde do G20. Na ocasião a agenda foi coordenada pela ministra da pasta no Brasil, Nísia Trindade. O grupo discutiu, entre outras pautas, as negociações em curso na Organização Mundial da Saúde (OMS) para um acordo internacional de prevenção, preparação e resposta a pandemias e sobre emendas ao Regulamento Sanitário Internacional (RSI). O encontro contou também com a participação do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
Essa preparação de propostas de saúde, bem como construção de consensos, visa à grande reunião ministerial no Rio de Janeiro, em outubro. Na ocasião, serão estabelecidos os acordos sobre as temáticas discutidas no decorrer do ano, para que sejam levados às organizações internacionais e endossadas pelos ministros que compõem o GT de Saúde.
O G20
O Grupo dos 20 (G20) é formado pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. O fórum de cooperação econômica será presidido pelo Brasil até novembro de 2024. Os assuntos prioritários estabelecidos pelo governo brasileiro são combate à fome, pobreza e desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e a reforma da governança global.